Dono de ferro-velho volta a ser preso em Salvador; empresário é suspeito de homicídios e outros crimes
04/10/2025
(Foto: Reprodução) Marcelo Batista volta a ser preso em Salvador
Reprodução/Redes Sociais
O empresário Marcelo Batista, dono de um ferro-velho no bairro de Pirajá, em Salvador, voltou a ser preso neste sábado (4). Ele foi levado para o Complexo de Delegacias da Polícia Civil, em Itapuã.
O homem é investigado por uma série de crimes, como o duplo homicídio dos jovens Paulo Daniel Pereira Gentil do Nascimento e Matusalém Silva Muniz, cujos corpos seguem desaparecidos. Os dois eram funcionários do ferro-velho.
Esta prisão, no entanto, se refere ao processo por tentativa de homicídio contra outras três pessoas — duas delas também ex-funcionárias da empresa de Marcelo —, que foram alvos de disparos de arma de fogo, mas conseguiram escapar.
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O empresário chegou a ser preso em 26 de agosto, localizado escondido embaixo de um armário, e foi solto no dia 11 setembro, mediante o uso de tornozeleira eletrônica e outras medidas cautelares.
Empresário é preso por tentativa de homicídio contra três pessoas na Bahia
O mandado de prisão cumprido nesta manhã reverteu a decisão que o pôs em liberdade. A ordem foi expedida pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) e cumprida por agentes da 3ª Delegacia de Homicídios, da Agência de Inteligência e Coordenação de Operações do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) no distrito de Jauá, em Camaçari, cidade na Região Metropolitana de Salvador (RMS).
Conforme apurado pela TV Bahia, Marcelo foi localizado em casa, durante a madrugada. Ele deve passar por audiência de custódia nos próximos dias.
O g1 e a TV Bahia tentam apurar mais informações sobre o caso e buscam um posicionamento da defesa de Marcelo Batista, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem.
Empresário se apresentou à Justiça após ficar dois meses foragido
Marcelo Batista em registro antigo
Redes sociais
Antes disso, em 9 de junho, Marcelo Batista se apresentou voluntariamente à Justiça após passar mais de dois meses foragido pela acusação quanto às mortes de Paulo Daniel Pereira Gentil do Nascimento e Matusalém Silva Muniz.
Na ocasião, o juiz Vilebaldo José de Freitas decidiu conceder liberdade provisória ao empresário e determinou medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento noturno e proibição de sair da cidade.
Na decisão, o magistrado argumentou que a apresentação espontânea de Marcelo, acompanhada da entrega do passaporte e um pedido formal de desculpas, demonstrou "arrependimento e respeito ao Judiciário".
Com isso, a prisão preventiva contra Marcelo Batista foi revogada pela segunda vez, sendo substituída por medidas cautelares severas. O juiz considerou que não havia provas de ameaça a testemunhas nem indícios de que o acusado representasse perigo à ordem pública.
Conforme a decisão, o descumprimento de qualquer uma das condições poderia levar à imediata revogação da liberdade e à decretação de nova prisão preventiva, sem necessidade de oitiva prévia, o ato de ouvir uma pessoa em um processo legal, seja testemunha ou réu.
Relembre o caso
Jovens desapareceram após saírem para trabalhar na capital baiana
TV Bahia
Paulo Daniel Pereira Gentil do Nascimento, de 24 anos, e Matusalém Silva Muniz, 25, desapareceram no dia 4 de novembro de 2024, após saírem para trabalhar como diaristas no ferro-velho no bairro de Pirajá. Eles são dados como mortos pela Polícia Civil e, até a última atualização desta reportagem, os corpos não foram encontrados.
No dia 27 de março deste ano, o Ministério Público da Bahia (MP-BA) denunciou o empresário e o soldado da Polícia Militar Josué Xavier Pereira pelos homicídios dos jovens. Segundo o órgão, os crimes foram cometidos por motivo torpe, meio cruel, com recursos que dificultaram as defesas das vítimas e ocultação dos cadáveres.
Em 31 de março, a Justiça da Bahia acatou a denúncia do MP-BA, tornando réus Marcelo e Josué, e decretou mais uma vez a prisão preventiva do empresário.
Marcelo era procurado pela polícia desde novembro de 2024, quando a prisão preventiva foi determinada pela primeira vez. No entanto, em março deste ano, foi concedida a liberdade provisória e ele passou a não ser mais considerado foragido até a nova decisão no fim daquele mês.
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Em contato com a produção da TV Bahia, os advogados de Marcelo esclareceram que o pedido de prisão foi motivado pelo descumprimento das medidas cautelares impostas pela Justiça.
A defesa detalhou que, quando o juiz revogou a prisão anterior, ele determinou algumas condições, como a proibição de Marcelo se ausentar do estado, a obrigatoriedade de comparecer mensalmente ao fórum e o uso de tornozeleira eletrônica.
No entanto, como as medidas não foram cumpridas, o juiz, seguindo a legislação, solicitou novamente a prisão. Os advogados não justificaram por que o homem violou essas medidas.
Em março, outros dois envolvidos no caso também tiveram liberdade concedida. No entanto, não foi detalhado o envolvimento dos homens no crime, que segue sob investigação. O caso está em segredo de Justiça.
Soldado da PM solto
O soldado Josué Xavier, também suspeito de envolvimento nas mortes, foi solto após o fim do prazo da prisão temporária, em janeiro deste ano.
Com a soltura, o militar voltou a fazer parte do quadro da corporação, mas para atuar no setor administrativo até o fim das investigações. Ele é lotado na 19ª Companhia Independente (CIPM), em Paripe.
Além do policial, o gerente do ferro-velho, Wellington Barbosa, conhecido como "Cabecinha", também foi preso. Ele cumpria prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica, porque foi diagnosticado com hanseníase, doença que pode atingir a pele e nervos, causando incapacidades físicas.
Na última vez que falou sobre o assunto, o delegado José Nélis, da 3ª Delegacia de Homicídios, responsável pelas investigações, disse que ainda não era possível afirmar a participação de cada um dos presos na ação.
Ainda assim, as apurações da Polícia Civil já concluíam que Paulo Daniel e Matusalém foram mortos.
O g1 entrou em contato com a Polícia Militar para questionar se Josué Xavier continua realizando atividades administrativas e aguarda retorno.
Quem é Marcelo Batista da Silva?
Empresário preso em Salvador se escondeu embaixo de armário em ferro-velho
Arquivo pessoal
Marcelo Batista da Silva é o dono do empreendimento. Além de ser acusado pela morte dos dois jovens, o nome do empresário aparece em investigações a respeito de outros crimes. Segundo a polícia, ele é:
investigado por duplo homicídio;
investigado por tentativa de homicídio;
suspeito de envolvimento com milícia e facção criminosa;
responde por violência doméstica contra a ex-mulher.
Na Justiça do Trabalho, o homem responde a nove processos que estão em tramitação. Outros 60 foram arquivados. As acusações abordam descumprimento de pagamento de salário, horas extras, assédio sexual e tortura.
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Ao longo das investigações sobre o desaparecimento dos jovens, o carro do suspeito foi periciado após ser encontrado em uma loja especializada em veículos de alto patrão, na cidade de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS).
Avaliado em R$ 750 mil, o carro foi deixado no local por outro homem, que solicitou a troca dos bancos alegando ter adquirido o bem com alguns pontos de sujeira. Para a Polícia Civil, a suposta sujeira pode se tratar de vestígios de sangue dos rapazes.
A versão dada pelo empresário, em 8 de novembro, antes de ter o primeiro mandado de prisão expedido, é que teve cinco toneladas de fardo de alumínio furtados em dois meses e que conseguiu recuperar 500 quilos em 3 de novembro, após seguir o caminhão usado no crime.
Segundo ele, no dia 4 de novembro, enquanto registrava ocorrência policial contra um terceiro funcionário, que não teve o nome divulgado, Paulo Daniel e Matusalém foram flagrados em outro furto à empresa.
Marcelo Batista ainda informou que planejava ligar para a polícia, para fazer um flagrante no dia seguinte e recuperar a carga roubada. No entanto, de acordo com ele, os jovens não apareceram para trabalhar e nunca mais entraram em contato.
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